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ATRAVÉS DA APOLOGÉTICA TEMOS OBJETIVO DE FUNDAMENTAR, DAR CONSISTENCIA E DEFENDER A FÉ CRISTÃ, E A IGREJA DOS ATAQUES FEITOS PELAS SEITAS, HERESIAS E FALSAS FILOSOFIAS QUE CERCEAM A IGREJA DE CRISTO.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Deísmo: a cosmovisão do Deus ausente

Deísmo: a cosmovisão do Deus ausente

Seguindo a proposta de estudo e análise sobre Cosmovisões e dada a apresentação a respeito do Teísmo (vide ensaio “Reflexões sobre Teísmo e a cosmovisão cristã”) darei andamento apresentando uma cosmovisão pouco conhecida, mas que precisa ser apresentada e refutada.
Trata-se do Deísmo. E não devemos de modo algum pensar que pelo fato de nos dias de hoje tal cosmovisão não ser muito difundida que a mesma não precisa ser examinada, até por que os ideais do Deísmo permanecem ativos.

Farei uma apresentação histórica sobre o Deísmo, mostrarei os principais expoentes de tal pensamento e os pontos totalmente contrários a fé cristã que tal cosmovisão apregoa.

Crenças e Histórico
Apesar de alguns pontos semelhantes entre o Deísmo e o Teísmo, é preciso ressaltar logo de início que as discrepâncias são o bastante para fazer de tais cosmovisões coisas totalmente distintas. Uma simples definição sobre o termo pode ser vista abaixo:

“O Deísmo (lat. deus, deus) é etimologicamente um cognato de Teísmo (gr. theos, deus), sendo que as duas palavras denotam a crença na existência de um deus ou deuses e, portanto, é a antítese do Ateísmo.” [1].

Embora creia na existência de Deus, o Deísmo difere do cristianismo ortodoxo por apresentar a cosmovisão onde Deus fez o mundo, mas que não interfere e interage na criação. No Teísmo cremos que o Senhor interfere na criação de modo sobrenatural, ou seja, é a intervenção de Deus em nosso mundo natural, ou simplesmente “milagres”. A crença deísta é que não existem milagres e interferência de Deus na criação. No Deísmo, Deus criou todas as coisas, mas as deixou para que mediante as imutáveis leis da natureza sigam seu curso.

Deus é um fazendeiro que não se importa com seu campo. Ou mesmo como um exemplo muito usado para definir a cosmovisão deísta: Deus é como um relojoeiro que deu corda no relógio por ele feito e o deixou para funcionar, sem se interessar em intervir. Vejamos:

“Deísta é alguém que aceita Deus, mas descarta a intervenção divina no mundo. Mais importante que isso, a posição do deísta não é apenas que Deus não realizou nenhum milagre, mas que seria contra a própria natureza divina realizá-los. Deus criou uma ordem natural, e seria irracional e, conseqüentemente, impossível para Ele quebrar a ordem da natureza criada por Ele mesmo.” [2]

Outro grande erro do Deísmo é o conceito de autoridade. Enquanto que no Teísmo a autoridade é a Palavra de Deus inspirada e o testemunho do Espírito Santo, o Deísmo tem como autoridade o primado da razão. Desta forma os deístas até davam crédito ao cristianismo como religião, mas reinterpretaram de modo radical a teologia ortodoxa cristã. Na contramão da parceria sadia entre fé e razão, os deístas relegaram ao Espírito de Deus lugar secundário e substituem a revelação especial das Escrituras pela razão humana.

Além disso, negam a existência da Trindade, a encarnação (ou seja, o nascimento do Messias, Jesus Cristo, o Filho de Deus), a autoridade divina da Bíblia, e a expiação através de Cristo.

Todo este sistema de crença faz do Deísmo algo, no mínimo, estranho. Mesmo alegando a crença em Deus, o Deísmo se aproxima muito do Agnosticismo e Ateísmo. Um Deus que não se envolve com Sua criação, faz do todo um vazio angustiante. Faz de Deus um ser distante que não se interessa pela humanidade, que não se preocupa com o pecado e que, como já dissemos, não participou do milagre da encarnação.

No Deísmo não temos o milagre da vinda miraculosa e providencial do Filho, para expiação, redenção e justificação, reconciliando todas as coisas; logo, não temos o milagre da ressurreição, e nem mesmo a presença do Espírito Santo.

Este “relógio” tende a travar sem a graciosa intervenção do relojoeiro. Enquanto no conceito panteísta a ênfase é muito grande quanto à imanência de Deus, o deísta faz questão de enfatizar a transcendência de Deus, fazendo dEle um “Deus ausente”, tão ausente que se esquecem que o Senhor está imanente à criação em Sua Providência e como um Redentor na pessoa de Jesus Cristo.

A origem desta cosmovisão se deu no contexto do Iluminismo, que resumidamente pode ser definido:

“O Iluminismo do século 18 foi um movimento de idéias que buscava libertar a humanidade do erro e do preconceito e alcançar a verdade, o que, por sua vez, produziria liberdade. Muitos pensadores iluministas tinham como alvo a religião, pois eles a consideravam algo que incorporava o erro e o preconceito tão abominados. Em especial, consideravam o cristianismo e todas as outras religiões irracionais e inadequadas à época cientifica. O Iluminismo procurava explicações racionais para tudo o que era real, e a religião não era exceção.” [3]

O cenário armado da racionalidade levou o Deísmo à ênfase no aspecto puramente racional da religião. São também definidos como os pensadores religiosos europeus e norte-americanos dos séculos XVII e XVIII. Os deístas procuraram, diante do cenário Iluminista, adaptar a fé cristã a seu pensamento, sob o medo de que o cristianismo se tornasse irrelevante para o novo mundo (pós-Iluminista). Vale a reflexão interessante de notar como as tentativas de adaptação do cristianismo à cultura vigente podem ser trágicas.

É evidente que existe todo um panorama ao qual o surgimento do Deísmo está relacionado. A questão dogmática desta cosmovisão é o resultado da mescla de visões científicas-filosóficas, surgindo na Inglaterra do século XVII e se propagando pela França, Alemanha e Estados Unidos. [4]

Temos em Herbert de Cherbury (conhecido também como Edward Herbert, lord de Cherbury) (1583-1648), a figura precursora do Deísmo, conhecido como “pai do Deísmo inglês”. De certa forma, considerava a fé comum como irracional e lutava contra tal. Em sua linha de pensamento, propôs cinco “noções comuns da religião”, expostas pelo teólogo e historiador brasileiro Alderi Souza Matos:

“Cherbury propôs cinco ‘noções comuns da religião’ que são universais, racionais e naturais: 1. Há um Deus supremo; 2. Esse Deus deve ser adorado; 3. A essência da prática religiosa é a conexão entre virtude e piedade; 4. Os vícios e crimes humanos são óbvios e devem ser expiados pelo arrependimento; 5. Após esta vida haverá recompensas e castigos. Segundo Lorde Herbert, essas noções abrangiam todos os lugares e todas as pessoas. Ele se considerava cristão, embora fosse cético quanto a certas doutrinas, como a da Trindade. Seu livro foi amplamente lido no século XVII e lançou as bases do Deísmo.” [5]

O impacto que o ideal deísta tinha encontrou solo fértil influenciando o pensamento de muitos nomes amplamente conhecidos e sobre fatos históricos extremamente relevantes. Deístas como Charles Blount (1654-1693), John Tolard (1670-1722) e Lord Shaftesbury (1671-1713) levaram de modo ferrenho a filosofia deísta afirmando que o lado de mistério do cristianismo não comprovado por pressupostos racionais deveria ser descartado.

O Deísmo foi exportado da Inglaterra para França, vigorando seu ideal entre os filósofos do século XVIII. Dada a influência dos escritos de Herbert e Shaftesbury, traduzidos ao público francês, tivemos obras impregnadas com o pensamento deísta francês levadas ao público inglês, de autores como Rousseau (Jean Jacques Rousseau, 1712-1778) e Voltaire (François-Marie Voltaire, 1694-1778), que apesar de muitos não os considerarem deístas, tinham o pensamento norteado por tal cosmovisão.

O impacto foi tamanho que “na França a Igreja Católica Romana lutava contra esses deístas, livres pensadores que acabaram exercendo uma influência fortíssima sobre a Revolução de 1789, que se refletiu em toda a Europa”. [6]

Por fim, a grande difusão deísta se desdobrou com a imigração de oficiais ingleses aos Estados Unidos por força da guerra de 1756-1763. O pensamento deísta influenciou Benjamin Franklin (1706-1809), Stephen Hopkins (1707-1785), Thomas Jefferson (1743-1826) e Thomas Paine (1737-1809). Paine é considerado o grande difusor do Deísmo nos Estados Unidos por ser fervoroso militante. Seu livro “The Age of Reason: Being an Investigation of True and Fabulous Theology” (A Era da Razão: uma Investigação sobre a Teologia Verdadeira e a Fabulosa) foi obra de defesa da cosmovisão deísta, com propósito de alcançar os mais simples leitores, com tentativa de destruir as afirmações sobrenaturais apregoadas pela igreja.

Impactos
Como já havia mencionado, poucos são os que conhecem em nossos dias a cosmovisão deísta e muito menos os impactos que o surgimento do Deísmo causou. É importante destacar os impactos e como esta cosmovisão se “dissolveu”:

“Os deístas acabaram organizando sua própria denominação religiosa. Em 1774 surgiu em Londres a Capela de Essex, a primeira congregação unitária, ou seja, não-trinitária. Em 1785, a King’s Chapel, em Boston, antes anglicana, tornou-se a primeira igreja unitária dos Estados Unidos. Esse fenômeno se repetiu na década de 1790 com muitas igrejas congregacionais da Inglaterra e da Nova Inglaterra. Finalmente, em 1825 foi organizada uma nova denominação, a Associação Unitária Americana, tendo como seminário oficial a Escola de Teologia de Harvard. Todavia, a maior parte dos deístas não se filiou a essas igrejas.

O Deísmo se infiltrou silenciosamente na vida política e religiosa dos Estados Unidos. Seu Deus se tornou o Deus da religião civil americana, como se pode ver no lema nacional: ‘Em Deus nós confiamos’. Foi também o precursor da teologia liberal dos séculos XIX e XX”. [7]

Ainda segundo Ferreira e Myatt, o Deísmo “foi um precursor importante da teologia liberal que surgiu no século XIX (…) Visto que o conceito de Deus, no Deísmo, não serve para nada (…) o naturalismo surgiu em seu lugar”. [8]

Logo, apesar de dificilmente encontrarmos uma pessoa que se defina como deísta, os ideais do Deísmo estão presentes no cotidiano de muitas pessoas. Como cristão, é preciso batalhar pela Verdade contra os erros deístas.

Considerações gerais
Alguns reconhecem no Deísmo algumas contribuições, tirando algo de proveitoso desta cosmovisão. O uso equilibrado da razão em assuntos religiosos seria um desses pontos úteis, aplicando a razão contra muitas falácias feitas em nome de uma fé cega.

De forma bastante prática, ninguém entra num elevador no 25º andar de um prédio sem ter uma boa dose de bom senso e razoabilidade em saber que chegará sob segurança ao térreo. Da mesma forma em matéria de fé, não se deve abraçar qualquer “ultra” revelação (assuntos revelados fora das Escrituras) sem ponderar sobre os mesmos. Nesta matéria os deístas tiveram como mérito no passado expor muitas fraudes e superstições religiosas.

Além disso, a prerrogativa da racionalidade gerou saldo positivo no campo da crítica textual e exegese.

Outros defendem que o Deísmo possibilitou reflexão no aspecto da tolerância religiosa, o que possibilita um diálogo interreligioso respeitoso. Vale sempre lembrar e enfatizar: tolerância não é igual a concordância, sendo assim, é possível dialogar de modo respeitoso sem que isso implique em concordância.

O Espírito Santo nos convenceu plenamente da veracidade da fé cristã e este testemunho poderoso é único. Entretanto, o mesmo Espírito nos capacita e instrui a examinar matérias de fé, e neste sentido os fideístas erram ao não fazer uso da razão.

Apesar disso, o Deísmo é uma cosmovisão que merece ser rechaçada. Como visto acima, possui inúmeros pontos que divergem a fé cristã e estão sob crítica.

Primeiro, é incoerente pensar que um ser poderoso o bastante para criar o universo não seja capaz ou não queira intervir na ordem da criação, ou seja, efetuar milagres. Já que Ele criou a água, qual a dificuldade de dividir a mesma ao meio ou permitir que alguém caminhasse sobre ela? Se Deus criou a matéria e a vida, qual a dificuldade de multiplicar pães e peixes? Para um Deus que criou o universo sem material preexistente, ou seja, ex nihilo, do nada, qual o problema ou dificuldade de fazer voltar a vida um ser já morto, fazer o Messias nascer a partir de uma virgem e após a morte Ele ressuscitar em esplendor e majestade? Diante do grandioso milagre da criação, milagres “menores” seriam problemas e dificuldades?

Segundo, para um Deus que criou o universo e deu à humanidade a oportunidade de viver e multiplicar-se num mundo sob boa dose de bem-estar, qual o problema deste Deus relacionar-se com as pessoas que Ele mesmo colocou na criação de todas as coisas? Um Deus que se preocupou com coisas tão grandes, não se preocuparia com detalhes menores? Pensemos neste maravilhoso e poderoso Deus, que se preocupou com a posição de Alfa-Centauri, fazendo dela a mais brilhante estrela da constelação de Centauro e a terceira mais brilhante do céu, e ao mesmo tempo se preocupa com o íntimo de cada pessoa que habitou, habita e habitará o planeta que Ele criou. Que amor é esse?

Por fim, muito se criticou sobre o texto bíblico no início do Deísmo. Os racionalistas alegavam que a Bíblia é fraudulenta e intencionalmente manipulada. Muitos alegavam manipulação do texto profético e que os verdadeiros autores não eram os que de fato aparecem no texto bíblico. No entanto, a arqueologia prova a cada dia a veracidade da Bíblia. As “pedras clamaram” e mais de 25 mil descobertas arqueológicas já foram realizadas sobre o relato do mundo antigo em consonância com a Bíblia [9].

Infelizmente todo ataque deísta contra os ensinamentos cristãos, como na maioria das cosmovisões conflitantes, não passam de erros cometidos em função de um conhecimento superficial e ingenuidade sobre a Verdade que é Jesus Cristo.

Providência Divina
Deus não para de trabalhar (Jo 5.17)! Dentro da Teologia Cristã o ato de Deus de sustentar todas as coisas é chamado de providência. O Criador preserva tudo, opera em tudo e tudo está patente ao Seu controle. Na doutrina da providência, temos a soberania de Deus e a criação em conjunto.

A doutrina da providência trabalha no sentido de mostrar como Deus conduz todas as coisas segundo seu propósito perfeito:

“Ela procura dar resposta para a pergunta sobre se há uma ordem por detrás de todos os acontecimentos, ou se tudo acontece de modo aleatório (…). Na Escritura, podemos ver três modos nos quais a providência divina se manifesta: na preservação, na concorrência e no governo. Esses três modos providenciais de Deus revelam a maneira e o propósito pelo qual o mundo continua a existir, após ter sido criado, e espantam toda noção de acaso ou fatalismo” [10].

Em resumo:

Deus preserva todas as coisas: Hb 1.1-3; Ne 9.6; Sl 145.15-16; Sl 104.27-29; Mt 6.26; Mt 10.29-30.
Deus age em todas as coisas: At 17.28; 1Co 15.10; Is 45.1-2; Gn 45.8; Lc 22.21-22.
Deus governa todas as coisas: Ef 1.5; Rm 12.2; Rm 8.28.

“Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu um Deus além de ti, que trabalhe para aquele que nele espera”. Is 64.4

Não existe sorte, mero acaso ou abandono de Deus. Existe Sua providência em tudo, e por isso, e por quem Deus de fato é, somos gratos, O adoramos e temos comunhão com Ele.
Toda honra e glória ao Senhor!


Notas
[1] MACDONALD, Michael H. “Deísmo” in ELWELL, Walter A. Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã, Vol. I. São Paulo: Edições Vida Nova, 1988. p. 402

[2] CORDUAN, Winfried. “Milagres” in BECKWITH, Francis J., CRAIG, William Lane e MORELAND, J.P. Ensaios Apologéticos. São Paulo: Hagnos, 2006. p. 196

[3] ECKMAN, James P. Panorama da História da Igreja (Curso Vida Nova de Teologia Básica). São Paulo: Edições Vida Nova, 2005. p. 86

[4] CAIRNS, Earle E. O Cristianismo Através dos Séculos. São Paulo: Edições Vida Nova, 1995. p. 323

[5] MATOS, Alderi Souza de. Fundamentos da Teologia Histórica. São Paulo: Mundo Cristão, 2008. p. 211

[6] CAIRNS, Earle E. O Cristianismo Através dos Séculos. p. 324

[7] MATOS, Alderi Souza de. Fundamentos da Teologia Histórica. p. 213

[8] FERREIRA, Franklin e MYATT, Alan. Teologia Sistemática. São Paulo: Edições Vida Nova, 2007. p. 300

[9] GEISLER, Norman. Enciclopédia de Apologética. São Paulo: Vida, 2002. p. 248

[10] LIMA, Leandro Antonio de. Razão da Esperança. São Paulo: Cultura Cristã, 2006. p. 173-174

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Porque não precisamos guardar o Sábado

Simplesmente porque...

– O Sábado faz parte de um concerto ou pacto entre Deus e o povo israelita:

“Guardarão, pois, o sábado os filhos de Israel, celebrando-o nas suas gerações como pacto perpétuo. Entre mim e os filhos de Israel será ele um sinal para sempre; porque em seis dias fez o Senhor o céu e a terra, e ao sétimo dia descansou, e achou refrigério” (Ex.31:16).

“Lembra-te (povo hebreu) de que foste servo na terra do Egito, e que o Senhor teu Deus te tirou dali com mão forte e braço estendido; pelo que o Senhor teu Deus te ordenou que guardasses o dia do sábado” (Dt. 5:15, parênteses do autor).


– Antes do concerto do Sinai Deus não ordenou a ninguém que guardasse o Sábado: 

“E ao homem disse: Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore de que te ordenei dizendo: Não comerás dela; maldita é a terra por tua causa; em fadiga comerás dela todos os dias da tua vida” (Gn.3:17); “Pois todos quantos são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque escrito está: Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las”Gl.3:10); “Guardais dias(no caso o Sábado), e meses, e tempos, e anos. Temo a vosso respeito não haja eu trabalhado em vão entre vós” (Gl.4:10-11, parêntesis nosso); “ concluímos pois que o homem é justificado pela fé sem as obras da lei” (Rm.3:28).

– Jesus Cristo foi a última pessoa que teve obrigação de guardar a Lei e o Sábado: 

“mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido debaixo de lei, para resgatar os que estavam debaixo de lei, a fim de recebermos a adoção de filhos”(Gl.4:4-5; Rm. 10:4).

– O Sábado faz parte da lei e esta foi por Cristo abolida totalmente: 

“... e havendo riscado o escrito de dívida que havia contra nós nas suas ordenanças, o qual nos era contrário, removeu-o do meio de nós, cravando-o na cruz”(Cl.2:14); “mas o entendimento lhes ficou endurecido. Pois até o dia de hoje, à leitura do velho pacto (a Lei), permanece o mesmo véu, não lhes sendo revelado que em Cristo é ele (a Lei e tudo o que nela está incluído, no nosso caso o Sábado) abolido” (II Cor.3:14). { Grifo do autor}.

Os adventistas, para imporem a obrigatoriedade da guarda do Sábado, se valem de argumentos infundados estabelecendo uma distinção entre a Lei Moral e Lei Cerimonial, Lei de Deus e Lei de Moisés, dizendo que a Lei Moral ou lei de Deus se restringe aos 10 mandamentos e continuará para sempre, e que a Lei de Moisés ou Lei cerimonial abrange o Pentateuco escrito por Moisés e foi abolida. Essa distinção é imprópria e inescriturística.

Vejamos:

- “E chegado o sétimo mês, e estando os filhos de Israel nas suas cidades, todo o povo se ajuntou como um só homem, na praça, diante da porta das águas; e disseram a Esdras, o escriba, que trouxesse o Livro da Lei de Moisés” (Ne.8:1). Observe a expressão “o livro da Lei de Moisés”. Este mesmo livro, denominado de “Lei de Moisés” é, a seguir, assim chamado: “E leram no livro, na Lei de Deus; e declarando e explicando o sentido, faziam que, lendo, se entendesse”; “E acharam escrito na Lei que o Senhor ordenará, pelo ministério de Moisés, ...”(Ne.8:8; 8:14)

- “Pois Moisés disse: Honra a teu pai e a tua mãe; e: Quem maldisser ao pai ou à mãe, certamente morrerá”(Mc.7:10). 
Ora, nós sabemos pôr Êx. 20:12 que se trata do quinto mandamento, e, no entanto se diz que “Moisés disse”. 

- “Não vos deu Moisés a lei? No entanto nenhum de vós cumpre a lei. Por que procurais matar-me?” (Jo. 7:19). Onde a Lei proíbe o homicídio? Em Êx. 20:13, dentro dos dez mandamentos. O decálogo é chamado por Jesus de Lei de Moisés.

O apóstolo Paulo chama o decálogo de Lei; “... pois não teria eu conhecido a cobiça, se a lei não dissera” (Rm.7:7). Para o apóstolo Lei mosaica e decálogo eram a mesma coisa. 

Essa divisão da lei em duas é artificial, sem qualquer apoio bíblico, mas fundamental para impor a guarda do Sábado na doutrina Adventista.


– Estamos em um novo concerto muito melhor, fazendo-se necessário à mudança da Lei: 

“Mas agora alcançou ele (Jesus) ministério tanto mais excelente quanto é mediador de um melhor pacto (aliança ou concerto), o qual está firmado sobre melhores promessas” (Hb. 8:6). {Grifo meu}

Faz-se, aqui, necessário uma explicação sobre o nosso novo concerto e a mudança da Lei. Foi o próprio Cristo que instituiu a nova aliança (Mt.26:28) trazendo assim uma nova concepção da vida espiritual que Deus quer que tenhamos. Isso foi tão profundo que os judeus não entenderam e nem aceitaram. A lei dizia: “olho por olho, e dente por dente”. Jesus disse: “não resistais ao mal; mas se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra” (Mt.5:38-39). A mudança que foi feita não exclui nem um til da lei (Mt.5:18), mas uma concepção mais profunda da mesma. Isso nem os Judeus e muito menos os Adventistas entendem. Quanto ao Sábado, a Lei dizia que deveria ser guardado e santificado (Ex.20:8), mas no novo pacto isso muda e o que tem que ser guardado e santificado é o povo de Deus, não só em um dia da semana, mas nos sete. Isso é pelo fato do Sábado ser feito para o homem e não o homem para ser escravo do Sábado (Mc.2:27-28). Todos os dias para os cristãos têm que ser santo e especial, pois em qualquer um desses dias Jesus pode voltar (Mc.13:32). A nova concepção do Sábado é muito mais profunda do que qualquer sabatista possa querer explicar, pois muitas são as mudanças na visão dessa lei da guarda do Sábado. Em Hebreus (capítulo 4) Jesus é o próprio Sábado e é claro que o Senhor reina em todos os dias. Para a Igreja o Sábado, que era o dia da santificação, tornou-se todos os dias. É uma pena que os Adventistas e sabatistas consagrem apenas um dia para o Senhor, pois A IGREJA DE CRISTO CONSAGRA TODOS OS DIAS PARA O SEU SENHOR.

Explica o seguinte o Dr. G. Archer sobre essa problemática: “...a verdadeira questão é se a ordem sobre o sétimo dia, o Sábado do Senhor, foi transferida (Hb.7:12), no NT, para o primeiro dia da semana, o Domingo, que a igreja em geral honra como o dia do Senhor. De fato, ele é também conhecido como Sábado cristão. O âmago ou cerne da pregação apostólica ao mundo gentio e judaico, a partir do pentecostes era a ressurreição de Jesus (At.2:32). O ressurgimento de Cristo era a comprovação de Deus, perante o mundo, de que o salvador da humanidade havia pago o preço válido e suficiente pelos pecadores e havia superado a maldição da morte. O sacrifício expiatório eficaz de Jesus e sua vitória sobre a maldição da morte introduziu uma nova época ou dispensação da Igreja (Ef.1:10). Assim como a ceia do Senhor(I Cor.11:23-34) substituiu a Páscoa (Mt.26:17-30; Lc.22:7-23), na antiga aliança – “Porque isto é o meu sangue, o sangue do Novo Testamento (novo concerto, pacto, aliança)”. A morte de Cristo substituiu o sacrifício de animais no altar (Jo.19:30, Cf. Lv.), o sacerdócio arônico (Êx.28) foi substituído pelo sacerdócio supremo de Jesus “segundo a ordem de Melquisedeque”(Hb.7) e fez com que cada crente se torna-se um sacerdote (Ap.1:5). Também o quarto mandamento, dentre os dez, que pelo menos em parte tinha natureza cerimonial (Cl.2:16-17), deveria ser substituído por outro símbolo, mais apropriado à nova dispensação - O DOMINGO “Dia do Senhor”. (Enciclopédia de Dificuldades Bíblicas, pág. 125)

– No novo concerto, sob qual estamos (Hb. 8:6), não existe mandamento para guardar o Sábado embora encontremos todos os outros do decálogo. 

Leiamos:

“Perguntou-lhe ele: Quais? Respondeu Jesus: Não matarás; não adulterarás; não furtarás; não dirás falso testemunho; honra a teu pai e a tua mãe; e amarás o teu próximo como a ti mesmo. Disse-lhe o jovem: Tudo isso tenho guardado; que me falta ainda? Disse-lhe Jesus: Se quereres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, segue-me. Mas o jovem, ouvindo essa palavra, retirou-se triste; porque possuía muitos bens” (Mt.19:18-22).


É evidente que, na opinião dos sabatistas, uma das mais importantes doutrinas é a da guarda do Sábado. Se realmente fosse tão importante a guarda sabática, então seguramente teria de haver menção do mandamento no Novo Testamento. Entretanto, todos os outros mandamentos do decálogo são repetidos muitas vezes, porém o fato é que não encontramos o mandamento sobre o Sábado no Novo Testamento nem sequer uma vez. No caso do jovem rico, Jesus enumerou a maioria dos mandamentos, mas deixou de fora o mandamento sobre o sétimo dia. O grande questionamento seria o porquê o Novo Testamento, que cita todos os demais mandamentos do decálogo, não explicita a questão da guarda sabática.

– O apóstolo Paulo era apóstolo dos gentios, mas nunca ensinou ninguém a ficar guardando dias. Muito pelo contrário, ele afirmou que se alguém ficar guardando dias o evangelho da graça é inútil para essa pessoa:

“Guardais dias (no caso o Sábado), e meses, e tempos, e anos. Temo a vosso respeito não haja eu trabalhado em vão entre vós... Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça decaístes”. (Gl.4:10-11; 5:4). {Grifo meu)


- Os sabatistas condenam quem não guarda o Sábado e afirmam que esta pessoa não será salva. 

“Foi-me mostrada então uma multidão que ululava em agonia. Em suas vestes estava escrito em grandes letras: Pesado foste na balança, e foste achado em falta. Perguntei (ao anjo) quem era aquela multidão. O Anjo disse: Estes são os que já guardaram o sábado e o abandonaram. Vi que eles haviam ... enlameado o resto com os pés – pisando o sábado a pés; e por isso foram pesados na balança e achados em falta.” (Primeiros Escritos, pág.37)

O apóstolo Paulo da uma dura repreensão para estas pessoas que condenam os seus irmãos: 

“Quem és tu, que julgas o servo alheio? Para seu próprio senhor ele está em pé ou cai; mas estará firme, porque poderoso é o Senhor para o firmar. Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente convicto em sua própria mente” (Rm.14:4-5).
“Portanto não nos julguemos mais uns aos outros; antes o seja o vosso propósito não pôr tropeço ou escândalo ao vosso irmão” (Rm.14:13). 


Sabemos de dezenas de histórias de pessoas que ficaram endividadas e chegaram até a passar necessidades e sabe porquê? Os sabatistas proibiram o irmão de trabalhar naquela determinada firma, pois lá se trabalhava aos sábados. É impressionante como uma doutrina chega a ser extremista e a prejudicar a comunidade.

Ainda bem que existe as verdadeiras Igrejas de Cristo para ensinar a verdade para as pessoas. A verdade é libertadora (Jo. 8:32) e não opressora como esta doutrina. As pessoas procuram as igrejas para tirarem o fardo pesado das costas (Mt. 11:28-30) e muitas vezes ao chegarem lá os seus fardos não se aliviam e sim ficam mais pesados. É o coso de quem se achega à igreja Adventista, pois quem não guarda o Sábado está fora da comunhão e doutrina da igreja. Os líderes condenam veementes os que ali no meio não cumprem a guarda deste dia. Isso é muito triste!

Explicando Colossenses 2:16

“Ninguém, pois, vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa de dias de festa, ou de lua nova, ou de sábados, que são sombras das coisas vindouras; mas o corpo é de Cristo” (Cl.2:16-17).



Para fugir à evidência de Cl.2:16-17, onde Paulo se refere ao Sábado semanal como integrante das coisas passageiras da Lei que terminaram com a morte de Cristo na cruz, os adventistas costumam argumentar que a palavra “Sábado” não se refere ao sábado semanal, mas aos anuais ou cerimoniais de Lv.23. O que não é verdade, pois os sábados anuais ou cerimoniais já estão incluídos na expressão “dias de festa”. Esta indicação mostra positivamente que a palavra SABBATON, como é usada em Cl.2:16, não pode se referir aos sábados festivos, anuais ou cerimoniais. Sendo assim é difícil para os Adventistas sustentar a sua doutrina sabática, desde que temos visto que o Sábado pode legitimamente ser tido como “sombra” ou símbolo preparatório de bênçãos espirituais e não dogmas legalistas (vrs. 17). 

Autor :Prof. João Flávio Martinez

COMO IDENTIFICAR UMA SEITA

Todas as pessoas têm o direito de professar a religião de sua escolha. A tolerância religiosa é extensiva a todos. Isso não significa, porém, que todas as religiões sejam boas. Nos dias de Jesus havia vários grupos religiosos: os saduceus (At. 5.17) e os fariseus (At 15.5). Os dois grupos tinham posições religiosas distintas (At 23.8). Mesmo assim, Jesus não os poupou, chamando-os de hipócritas, filhos do inferno, serpentes, raça de víboras (Mt 23.13-15,33). O Mestre deixou claro que não aceitava a idéia de que todos os caminhos levam a Deus. Ele ensinou que há apenas dois caminhos: o estreito, que conduz à vida eterna, e o largo e espaçoso, que leva à destruição (Mt 7.13,14).

Os apóstolos tiveram a mesma preocupação: não permitir que heresias, falsos ensinos, adentrassem na igreja. O primeiro ataque doutrinário lançado contra a Igreja foi o legalismo. Alguns judeus-cristãos estavam instigando novos convertidos à prática das leis judaicas, principalmente a circuncisão. Em Antioquia havia uma igreja constituída de pessoas bem preparadas no estudo das Escrituras (At 13.1), que perceberam a gravidade do ensino de alguns que haviam descido da Judéia e ensinavam: Se não vos circuncidardes segundo o costume de Moisés, não podereis ser salvos (At 15.1). Tais ensinamentos eram uma ameaça à Igreja. Foi necessário que um concílio apreciasse essa questão e se posicionasse. Em Atos 15.1-35 temos a narrativa que demonstra a importância de considerarmos os ensinos que contrariam a fé cristã. Outras fontes ameaçam a Igreja. Dentre elas, destacamos a pluralidade religiosa.


PLURALIDADE RELIGIOSA

A pluralidade religiosa não é exclusiva dos tempos de Jesus. Atualmente existem milhares de seitas e religiões falsas, as quais pensam estar fazendo a vontade de Deus quando, na verdade, não estão. Há dez grandes religiões principais: Hinduísmo, Jainismo, Budismo e Siquismo ( na Índia); Confucionismo e Taoísmo (na China); Xintoísmo (no Japão), Judaísmo (na Palestina), Zoroastrismo (na Pérsia, atual Irã) e Islamismo (na Arábia). Nessa lista, alguns incluem o Cristianismo. Além disso, existem mais de dez mil seitas (ou subdivisões dessas religiões), estando seis mil localizadas na África, 1200 nos Estados Unidos e o restante em outros países. Para efeitos didáticos, o Instituto Cristão de Pesquisas classifica assim as seitas:

Secretas: Maçonaria, Teosofia, Rosa-crucianismo, Esoterismo etc.

Pseudocristãs: Mórmonismo, Testemunhas de Jeová, Adventismo do Sétimo Dia, Ciência Cristã, A Família (Meninos de Deus) etc. 

Espíritas: Kardecismo, Legião da Boa Vontade, Racionalismo Cristão etc.

Afro-brasileiras: Umbanda, Quimbanda, Candomblé, Cultura Racional etc.

Orientais: Seicho-No-Iê, Messiânica Mundial, Arte Mahikari, Hare-Krishna, Meditação Transcendental, Unificação (Moonismo), Perfeita Liberdade etc.

Enquanto essas e outras seitas se multiplicam, e seus guias desencaminham milhões de pessoas, os cristãos permanecem indiferentes, desatentos à exortação de Judas 3: combater pela fé uma vez entregue aos santos.


PORQUE ESTUDAR AS FALSAS DOUTRINAS

Muitos perguntam por que se deve estudar as falsas doutrinas. Para esses, seria melhor a dedicação à leitura da Bíblia. Certamente devemos usar a maior parte de nosso tempo lendo e estudando a Palavra de Deus, porém essa mesma Palavra nos apresenta diretrizes comportamentais relacionadas aos que questionam nossa fé. Assim sendo, apresentamos as razões para o estudo das falsas doutrinas:

1ª Defesa própria: Várias entidades religiosas treinam seus adeptos para ir, de porta em porta, à procura de novos adeptos. Algumas são especializadas em trabalhar com os evangélicos, principalmente os novos convertidos. Os cristãos devem se informar acerca do que os vários grupos ensinam. Só assim poderão refutá-los biblicamente (Tt 1.9);

2ª. Proteção do rebanho: Um rebanho bem alimentado não dará problemas. Devemos investir tempo e recursos na preparação dos membros da Igreja. Escolas bíblicas bem administradas ajudam nosso povo a conhecer melhor a Palavra de Deus. Um curso de batismo mais extensivo, abrangendo detalhadamente as principais doutrinas, refutando as argumentações dos sectários e expondo-lhes a verdade será útil para proteger os recém convertidos dos ataques das seitas;

3ª Evangelização: O fato de conhecermos o erro em que se encontram os sectários nos ajuda a apresentar-lhes a verdade de que necessitam. Entre eles se encontram muitas pessoas sinceras que precisam se libertar e conhecer a Palavra de Deus. Os adeptos das seitas também precisam do Evangelho. Se estivermos preparados para abordá-los e demonstrar a verdade em sua própria Bíblia, poderemos ganhá-los para Cristo;

4ª Missões: Desempenhar o trabalho de missões requer muito mais que deslocar-se de uma região para outra ou de um país para outro. Precisamos conhecer a cultura onde vamos semear o Evangelho. Junto à cultura teremos a religiosidade nativa. Conhecer antecipadamente tais elementos nos dará condições para alcançá-los adequadamente.

Uma objeção levantada por alguns é esta: Não gosto de falar contra outras religiões. Fomos chamados para pregar o Evangelho. Concordamos plenamente, todavia lembramos que o apóstolo Paulo foi chamado para pregar o Evangelho e disse não se envergonhar dele (Rm 1.16). Disse também que Cristo o chamou para defender esse mesmo Evangelho (Fp 1.16).

A objeção mais comum é a seguinte: Jesus disse para não julgarmos, pois com a mesma medida que julgarmos, também seremos julgados. Quem somos nós para julgar ? Ora, o contexto mostra que Jesus não estava proibindo todo e qualquer julgamento, pois no versículo 15, ele alerta: acautelai-vos dos falsos profetas. Como poderíamos nos acautelar dos falsos profetas se não pudéssemos identificá-los? Não teríamos de emitir um juízo classificando alguém como falso profeta? Concluímos, portanto, que há juízos estabelecidos em bases corretas, mas, para isso, é preciso usar um padrão correto de julgamento e, no caso, esse padrão é a Bíblia (Is 8.20). Há exemplos nas Escrituras de que nem todo juízo é incorreto. Certa vez Jesus disse: julgaste bem (Lc 7.43). Paulo admitiu que seus escritos fossem julgados (1 Co 10.15). Disse mais: O que é espiritual julga bem todas as coisas (1 Co 2.15).


A CARACTERIZAÇÃO DA SEITA

O método mais eficiente para se identificar uma seita é conhecer os quatro caminhos seguidos por elas, ou seja, o da adição, subtração, multiplicação e divisão. As seitas conhecem as operações matemáticas, contudo nunca atingem o resultado satisfatório.

1. Adição: O grupo adiciona algo à Bíblia. Sua fonte de autoridade não leva em consideração somente a Bíblia. Por exemplo:

Adventismo do Sétimo Dia. Seus adeptos têm os escritos de Ellen White como inspirados tanto quanto os livros da Bíblia. Declaram: Cremos que: Ellen White foi inspirada pelo Espírito Santo, e seus escritos, o produto dessa inspiração, têm aplicação e autoridade especial para os adventistas do sétimo dia. Negamos que A qualidade ou grau de inspiração dos escritos de Ellen White sejam diferentes dos encontrados nas Escrituras Sagradas.7 Essa alegação é altamente comprometedora. Diversas profecias escritas por Ellen White não se cumpriram. Isso põe em dúvida a alegação de inspiração e sua fonte.

As Testemunhas de Jeová (TJs) crêem que somente com a mediação do corpo governante (diretoria das TJ, formada por um número variável entre 9 e 14 pessoas, nos EUA), a Bíblia será entendida. Declaram: Meramente ter a Palavra de Deus e lê-la não basta para adquirir o conhecimento exato que coloca a pessoa no caminho da vida.8 A menos que estejamos em contato com este canal de comunicação usado por Deus, não avançaremos na estrada da vida, não importa quanto leiamos a Bíblia.9 Essa afirmação iniciou-se com o seu fundador, C. T. Russell. Ele afirmava que seus livros explicavam a Bíblia de uma forma única. A Bíblia fica em segundo plano nos estudos das TJ. É usada apenas como um livro de referência. A revista A Sentinela tem sido seu principal canal para propagar suas afirmações. O candidato ao batismo das TJ deve saber responder aproximadamente 125 perguntas. A maioria nega a doutrina bíblica evangélica. Certamente, com a literatura das TJ é impossível compreender a Bíblia. Somente a Palavra de Deus contém ensinos que conduzem à vida eterna. Adicionar-lhe algo é altamente perigoso! (Ap 22.18,19).

Nessa mesma linha estão os mórmons, que dizem crer na Bíblia, desde que sua tradução seja correta. Eles acham que o Livro de Mórmon é mais perfeito que a Bíblia. Outros livros também são considerados inspirados. Usam também a Bíblia apenas como livro de referência. Citam as variantes textuais dos manuscritos como argumento de que a Bíblia não seja fidedigna. Ignoram, porém, que a pesquisa bíblica tem demonstrado a fidedignidade da Palavra de Deus. 

Os Meninos de Deus (A Família) dizem que é melhor ler os ensinamentos de David Berg, seu fundador, do que ler a Bíblia. Práticas abomináveis, segundo a moral bíblica, são praticadas nessa seita!

A Igreja da Unificação, do Rev. Moon julga ser seu princípio divino de inspiração mais elevado que a Bíblia. Outro exemplo da conseqüência de abandonar as Escrituras é observado nesse movimento. Além da Bíblia, rejeitam também o Messias e seguem um outro senhor.

Os Kardecistas não têm a Bíblia como base, mas a doutrina dos espíritos, codificada por Allan Kardec. Usam um outro Evangelho. Procuram interpretar as parábolas e ensinos de Jesus Cristo segundo uma perspectiva espírita e reencarnacionista. A Palavra de Deus é bem clara quanto às atividades espíritas e suas origens.

A Igreja de Cristo Internacional (Boston) interpreta a Bíblia segundo a visão de Kipp Mckean, o seu fundador. Um sistema intensivo de discipulado impede outras interpretações. Qualquer resistência do discípulo, referindo-se à instrução, desencadeará uma retaliação social.

Resposta Apologética: O apóstolo Paulo diz que as Sagradas Letras tornam o homem sábio para a salvação pela fé em Jesus (2 Tm 3.15); logo, se alguém ler a Bíblia, somente nela achará a fórmula da vida eterna : crer em Jesus. A Bíblia relata a história do homem desde a antiguidade. Mostra como ele caiu no lamaçal do pecado. Não obstante, declara que Deus não o abandonou, mas enviou seu Filho Unigênito para salvá-lo. Assim, lendo a Bíblia, o homem saberá que sem Jesus não há salvação. Ele não procurará a salvação em Buda, Maomé, Krishna ou algum outro, nem mesmo numa organização religiosa; pois a Bíblia é absoluta e verdadeira ao enfatizar que a salvação do homem vem exclusivamente por meio de Jesus (Jo 1.45; 5.39-46; Lc 24.27, 44; At 4.12; 10.43; 16.30-31; Rm 10.9-10).

2. Subtração: O grupo subtrai algo da pessoa de Jesus.

A Maçonaria vê Jesus simplesmente como mais um fundador de religião, ao lado de personalidades mitológicas, ocultistas ou religiosas, tais como, Orfeu, Hermes, Trimegisto, Krishna, (o deus do Hinduísmo), Maomé (profeta do Islamismo), entre outros. Se negarmos o sacrifício de Jesus Cristo e sua vida, estaremos negando também o Antigo Testamento, que o mencionava como Messias. Ou cremos integralmente na Palavra de Deus como revelação completa e, portanto, nas implicações salvíficas que há em Jesus Cristo, ou a rejeitamos integralmente. Não há meio termo.

A Legião da Boa Vontade (LBV) subtrai a natureza humana de Jesus, dizendo que Jesus possui apenas um corpo aparente ou fluídico, além de negar sua divindade, dizendo que ele jamais afirmou que fosse Deus.12

Outros grupos também subtraem a divindade de Jesus: as Testemunha de Jeová dizem que ele é um anjo, a primeira criação de Jeová. Os Kardecistas ensinam que Jesus foi apenas um médium de Deus etc.

Resposta Apologética: A Bíblia ensina que Jesus é Deus (Jo 1.1; 20.28; Tt 2.13; 1 Jo 5.20 etc). Assim sendo, não pode ser equiparado meramente com seres humanos ou mitológicos, nem mesmo com os anjos, que o adoram (Hb 1.6). A Bíblia atesta a autêntica humanidade de Jesus, pois nasceu como homem (Lc 2.7), cresceu como homem (Lc 2.52), sentiu fome (Mt 4.2), sede (Jo 19.28), comeu e bebeu (Mt 11.19; Lc 7.34), dormiu (Mt 8.24), suou sangue (Lc 22.44) etc.

3. Multiplicação: Pregam a auto-salvação. Crer em Jesus é importante, mas não é tudo. A salvação é pelas obras. Às vezes, repudiam publicamente o sangue de Jesus:

A Seicho-No-Iê nega a eficácia da obra redentora de Jesus e o valor de seu sangue para remissão de pecados, chegando a dizer que se o pecado existisse realmente, nem os Budas todos do Universo conseguiriam extingui-lo, nem mesmo a cruz de Jesus Cristo conseguiria extingui-lo.13

Os Mórmons afirmam crer no sacrifício expiatório de Jesus, mas sem o cumprimento das leis estipuladas pela igreja não haverá salvação. Outro requisito foi exposto pelo profeta Brigham Young, que disse: Nenhum homem ou mulher nesta dispensação entrará no reino celestial de Deus sem o consentimento de Joseph Smith.14 Por isso, eles têm grande admiração por Smith.

Doutrinas semelhantes são ensinadas pela Igreja da Unificação do Rev. Moon, que desdenha os cristãos por acharem que foram salvos pelo sangue que Jesus verteu na cruz, chegando a dizer15. As Testemunhas de Jeová ensinam que a redenção de Cristo oferece apenas a oportunidade para alguém alcançar sua própria salvação por meio das obras. Jesus simplesmente abriu o caminho. O restante é com o homem. Uma de sua obras diz: Trabalhamos arduamente com o fim de obter nossa própria salvação16. Os adventistas crêem que a vida eterna só será concedida aos que guardarem a lei. A guarda obrigatória do Sábado é essencial para a salvação.17

Resposta Apologética: A Bíblia declara que todo aquele que nega a existência do pecado está mancomunado com o diabo, o pai da mentira (Jo 8.44 comparado com 1 Jo 1.8). A eficácia do sangue de Cristo para cancelar os pecados nos é apresentado como a mensagem central da Bíblia (Ef 1.7; 1 Jo 1.7-9; Ap 1.5).

Com respeito à salvação pelas obras, a Bíblia é clara ao ensinar que somos salvos pela graça, por meio da fé, e isso não vem de nós, é dom de Deus, não vem das obras, para que ninguém se glorie (Ef 1.8-9). Praticamos boas obras não para sermos salvos, mas porque somos salvos em Cristo Jesus, nosso Senhor.

As obras são o resultado da salvação, não o seu agente. O valor das obras está em nos disciplinar para a vida cristã (Hb 12.5-11; 1 Co 11.31,31).

4ª Divisão: Dividem a fidelidade entre Deus e a organização. Desobedecer à organização ou à igreja equivale a desobedecer a Deus. Não existe salvação fora do seu sistema religioso.

Quase todas as seitas pregam isso, sobretudo as pseudocristãs, que se apresentam como a restauração do cristianismo primitivo, que, segundo ensinam, sucumbiu à apostasia, afastando-se dos verdadeiros ensinos de Jesus. Acreditam que, numa determinada data, o movimento apareceu por vontade divina para restaurar o que foi perdido. Daí a ênfase de exclusividade. Outras, quando não pregam que são o Cristianismo redivivo, ensinam que todas as religiões são boas, contudo somente a sua será responsável por unir todas as demais, segundo o plano de Deus, pois ela foi criada para esse fim, como é o caso da fé Bahá’í e outros movimentos ecléticos.

Resposta Apologética: O ladrão arrependido ao lado de Jesus entrou no Céu sem ser membro de nenhuma dessas seitas (Lc 23.43), pois o pecador é salvo quando se arrepende (Lc 13.3) e aceita a Jesus como Salvador único e pessoal (At 16.30-31). Desse modo, ensinar que uma organização religiosa possa salvar é pregar outro evangelho (2 Co 11.4; Gl 1.8), portanto divide a fidelidade a Deus com a fidelidade à organização e tira de Jesus a sua exclusividade de conduzir-nos ao Pai (Jo 14.6). Não há salvação sem Jesus (At 4.12; 1 Co 3.11). 


OUTRAS CARACTERÍSTICAS

Falsas profecias: As Testemunhas de Jeová, os Adventistas, os Mórmons e outros já proclamaram o fim do mundo para datas específicas.

Resposta Apologética: A Bíblia nos adverte contra os que marcam datas ou eventos (Dt 18.20-22; Mt 24.23-25; Ez 13.1-8; Jr 14.14).

NEGAM A RESSURREIÇÃO CORPORAL DE CRISTO , admitindo que Jesus Cristo tenha ressuscitado apenas em espírito: Testemunhas de Jeová, Ciência Cristã, Igreja da Unificação, Kardecismo; outros dizem que nem sequer ressuscitou (LBV), e ainda outros não acreditam que tenha morrido na cruz (Rosa Cruz, Islamismo etc.)

Resposta Apologética: Quanto à morte e ressurreição de Jesus, a Bíblia afirma que:

Jesus morreu realmente. Eis o processo de sua morte: 

a) A agonia no Getsêmani (Lc 22.44).

b) Açoitado brutalmente (Mt 27.26; Mc 15.15; Jo 19.1).

c) Mãos e pés cravados na cruz (Mt 27.35; Mc 15.24).

d) Morte comprovada (Jo 19.33,34).

e) Sepultamento (Jo 19.38-40).


Ressuscitou corporalmente: 

a) Ressurreição predita (Jo 2.19-22).

b) O túmulo vazio comprova a ressurreição (Lc 24. 1-3).

c) Suas aparições. (Lc 24.36-39; Jo 20.25-28).

Negar a ressurreição de Jesus é ser falsa testemunha contra Deus, pois: 

a) Essa é a mensagem do Evangelho (1 Co 15.14-17)

b) A expressão Filho do Homem designa a forma da sua segunda vinda e testifica que Jesus mantém seu corpo ressuscitado (At 7.55-59; Mt 24.29-31; Fl 3.20,21).

c) O corpo glorificado de Jesus está no céu (1Tm 2.5).


COMO ABORDAR OS ADEPTOS DAS SEITAS

O pesquisador Jan Karel Van Baalen afirma: Os adeptos das seitas são as pessoas mais difíceis de evangelizar.18 Dentre as razões apresentadas por Van Baalen, apontamos as seguintes:

a) Os adeptos das seitas não são pessoas que devem ser despertadas para a religião. O herege deixou a fé tradicional em que foi criado e adotou, segundo pensa, coisa melhor, chegando até mesmo a hostilizá-la. Ele renunciou o plano de Deus para salvação em troca de algum sistema de auto-salvação. Assim, para ele, a afirmação do profeta: todas as nossas justiças são como trapo de imundícia (Is 64.6) não reflete a verdade de Deus.

b) O sectário bem informado é consciente das falhas da religião protestante e evangélica. Ele não consegue entender a variedade denominacional. Além disso, pensa que sabe tudo acerca de sua fé e está convencido de que conhece mais acerca do que cremos do que nós mesmos. 

c) Muitos adeptos fizeram sacrifícios, contrariaram os seus familiares, suportaram a zombaria dos amigos etc. Como reconhecer agora que estão errados e a paz que encontraram não é verdadeira? 


Conhecendo a nossa fé


Diante do exposto, diz o pesquisador: Antes de entramos nessa discussão, estejamos bem seguros do nosso terreno. A resposta escolar: Eu sei, mas não sei explicar engana somente o estudante. Se não soubermos responder ao argumento do sectário, é só porque não dominamos os fatos. É nosso conhecimento inadequado que nos obriga a abandonar o campo derrotados, desonrando o Senhor.

Concordamos não apenas com Van Baalen, mas também com Lutero, que disse: Se não houvesse seitas, pelas quais o diabo nos despertasse, tornar-nos-íamos demasiadamente preguiçosos e dormiríamos roncando para a morte. A fé e a Palavra de Deus seriam obscurecidas e rejeitadas em nosso meio. Agora, essas seitas são para nós como esmeril para nos polir; elas nos amolam e estão lustrando nossa fé e nossa doutrina, para se tornarem limpas como um espelho brilhante. Também chegamos a conhecer Satanás e seus pensamentos e seremos hábeis em combatê-lo. Assim a palavra de Deus torna-se mais conhecida.


18 Obra citada, p. 282.

*Apêndice da Bíblia Apologética

1Frangiotti, Roque. Histórias das Heresias (séculos I-VII). São Paulo: Paulus. 1995. p. 6.

2 Champlin, R.N. Bentes, J. M. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. v. 3.,v.6. São Paulo: Candeia, 1991.

3 Martin, Walter. O Império das Seitas. 2. ed .v.1. Belo Horizonte: Betânia 1992, p.11.

4 Entendendo as Seitas, um Manual das Religiões de Hoje. São Paulo: Candeia, 1992, p.9.

5 O Caos das Seitas um Estudo Sobre os “Ismos” Moderno. 8.ed. São Paulo: Imprensa Batista Regular, 1986, p. 282.

6 Champlin, R.N. Bentes, J.M. Obra citada Vol. 2

7 Revista Adventista (fevereiro/1994), p. 37.

8 A Sentinela, de 1º de setembro de 1991, p. 19.

9 Idem, de 1º de agosto de 1982, p. 27.

12 Zarur, Alziro. Doutrina do céu da LBV. pp. 108, 112.

13 Taniguchi, Masaharu Kanro no hoou I-II-II. Chuvas de nectá-reas doutrinas. São Paulo: Igreja Seicho-No-Iê do Brasil, 1979 (sem numeração de páginas).

14 Journal of Discourses. Vol. VII, p. 289. EUA: 1869.

15 Kim, Young Moon. A teologia da Unificação. São Paulo: AES – UCM, 1986, p. 276.

16 Nosso Ministério do Reino (dezembro de 1984, p. 1).

17 White, E.G. O grande conflito. O conflito dos séculos durante a era cristã. 35ª edição. São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 1988, pp. 486, 487.